terça-feira

Um Equilíbrio Desejado

Max Beckmann - Auto-Retrato com lenço vermelho,1917
Não é um dia qualquer. Não como todos esses lúgubres e nublados dias que na sofreguidão acostumou-se minha fragilíssima estrutura e, que de certa forma, já os considero análogos. Sinto-me num dificílimo esforço de equilibrar-me em terra firme. Pois eis que chega novamente o dia das minhas chuvas torrenciais, devastadoras, que regressam em fúria para desmoronar mais algumas das vigas que restam de minh’alma. Ah! Quão é aflitiva esta intermitência imprevisível e assustadoramente iminente. A angústia cortante de cada lâmina que respinga, faz-me lembrar meu espírito, que outrora de um ferro firme, agora consome-se num enferrujamento contínuo.
Penso num esforço sobre-humano, que jamais por minhas mãos entregar-me-ei ao fio da espada, mas anseio mais que tudo equilibrar-me. Sim! Equilibrar-me, agora não mais em terra firme, mas acima das nuvens, muito além, onde o sol se impõe ao furor de minhas chuvas.

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