sábado

O Claustro


Entreguei-me compulsoriamente ao isolamento, sou apenas eu - Sim, apenas eu e minha solidão. Consumo-me, sinto todos os meus medos e angústias se precipitarem do outro lado da porta e, fora do claustro, protejo-me e projeto conjecturas sociáveis. Meu coração está sempre a um só compasso, num sossego entorpecido. Contento-me com algumas emoções que das leituras fluem. Há anos que não saio, há anos... Ah! Tomo-me de angústias, acendo um cigarro, circulo pelas salas, dou mil voltas em meu eixo, dirijo-me à varanda, do alto observo indivíduos transitarem nas últimas lajes da construção. Um alento ao ver o mundo em riste, linear. Criaturas na labuta, vivendo suas vidas, vivendo...

Sinto fome – Sim, contento-me com essa dor. Em contritos passos dirijo-me à despensa, está vazia, sempre está vazia e lembro-me de minh'alma. Já por hábito, sento-me ao chão, e repasso à vista nas tele-ent...Deus! Aquilo que me subsiste não chegará a tempo! Volto à varanda, a obra está quase finda. Não verei mais os laboriosos da pedra e do cal pausarem à labuta e se alimentarem em convivas. Brevemente voltarei a me alimentar sozinho.

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