O mundo que aparece ante vós Que aclama meu nome em metáforas Esse jamais me sentiu, não me conhece Me usa, em tropos semânticos de palavras.
E tu homem, a quem me expresso Da forma precípua e primeira que me criastes Não me confundas com os desejos da tua espécie Eu sou a mais suprema necessidade.
Fome de saber, fome de alcançar, FOME? Desejos figurados a que emprestas meu nome! Não condiz usar-me em formas de vontade Eu sou a mais essencial necessidade.
E vós poetas! Livres escultores de palavras Que nas analogias, semânticas e metáforas Avivam em versos protestos de sobrevivência Para vós, sou algo mais que necessidade Sou o grito aflito da urgência.
Tentas viver o que nos faz mal Resignando-se ao despontar do dia Na clausura de uma esfera prisional Que encarcera-nos em silentes agonias!
Quem te fala? Teu espírito! Inquieto, exausto, aflito! Que na ânsia de liberdade implora Liberta-nos! Liberta-nos! Dessa voraz solidão que nos devora. (Carlos Barros)
Novamente a réstia sob o diminuto espaço Que no chão transpassa do separar da porta Na minguada fresta que no amanhecer reporta-se E me remete ao chão quando à luz aponta.
Mais um dia a convidar-me à vida Ergo-me aos punhos e ajoelhado fico Branda luz que num lentear recolhe-se Incita-me ânimo a acompanhar-lhe afora.
Agarro-me ao trinco a ruminar temores De coisas mais vivas que vagueiam fora Obstinada luz que da fresta some Benevolente volta nessa mesma hora.